As relações de trabalho no Brasil na era da tecnologia

Com cada vez mais frequência, notamos em nosso cotidiano as vastas mudanças trazidas pela tecnologia. As novidades não se restringem apenas à nossa vida pessoal, mas incluem também a vida profissional. Ao mesmo tempo, essas mudanças trazem fortes influências às relações de trabalho no Brasil e aqui vamos entender como é essa transformação:
O ciclo de mudanças
A tecnologia, gradual e exponencialmente mais presente em nossas vidas, tem influenciado significativamente o mercado e as relações de trabalho no Brasil. A partir disso, é exigido um novo comportamento profissional, no qual as pessoas adotam ferramentas modernas como aliadas em suas atividades rotineiras e, ao mesmo tempo, interferem nas relações de trabalho.
A possibilidade de transmitir informações em tempo real e de qualquer lugar do mundo se tornou real. Através de recursos como e-mail, mensagens via smartphones (SMS, WhatsApp) e ferramentas de videoconferência, podemos realizar reuniões remotamente com pessoas em diferentes lugares do mundo. Esses recursos trouxeram uma grande flexibilidade e diversos outros benefícios para o ambiente de trabalho.
Por consequência disso, as empresas acabam por reduzir gastos e tempo. Afinal, o empregado e o empregador sequer precisam estar frente a frente para manter um diálogo.
Assim como houve a mudança ocorrida pela Revolução Industrial, a indústria 4.0, também conhecida como Revolução Tecnológica, traz mudanças nas relações de trabalho, deixando obsoletos alguns modelos de produção industrial e organização comercial, além de causar uma ruptura nas antigas cadeias produtivas.
Homem vs. Máquina
De maneira idêntica, esse novo ciclo também promove a rápida intensificação tecnológica e o aumento da automação para as atividades repetitivas e rotineiras. Por outro lado, faz com que os trabalhadores tenham dificuldade de se concentrar, o que leva à repetição de erros e tarefas. Além disso, inclui-se também a complicação de controle do tempo efetivo de trabalho em decorrência da interconexão contínua. Se analisarmos a deficiência de confiabilidade da informação disponibilizada pelas redes sociais, o tempo efetivo de trabalho atinge números preocupantes.
Entre os processos tecnológicos mais contemporâneos estão a robotização e a automatização. Eles favorecem os profissionais, principalmente do setor industrial, à medida em que melhoram e ampliam a mão de obra, garantindo uma maior eficiência produtiva.
Robôs realizam trabalhos que antes apenas o ser humano poderia, carros autônomos guiam inúmeras vidas todos os dias, drones realizam vigilância e a inteligência artificial soluciona problemas lógicos. Apesar dessa automação desenfreada de atividades, é provável que esta revolução não extinga por completo vagas de trabalho. No entanto, isso obrigará a transformação do trabalhador, que precisará inovar e reinventar-se. Será preciso desenvolver novas competências e aprimorar suas características humanas tais como afetividade, inteligência emocional, criatividade, técnicas de negociação e conexões interpessoais.
Implicações nas relações de trabalho no Brasil
No início de 2017, segundo o estudo ‘’A Revolução das Competências” apresentado no Fórum Econômico de Davos, havia uma estimativa de que a tecnologia revolucionaria a dinâmica do ambiente de trabalho. A expectativa era de que em dois ou três anos 45% das atividades feitas por humanos seriam automatizadas. A previsão, de fato, vem se concretizando, demonstrando que a tendência da substituição das tarefas repetitivas e manuais por ferramentas avançadas possibilitará que os trabalhadores assumam funções mais especializadas e menos rotineiras.
Nesse contexto, o modelo único de contrato de trabalho existente revela-se insuficiente para regulamentar as novas relações de trabalho. Afinal, e hoje são frequentes as mais diversas modalidades de contratação, como Home Office e Teletrabalho.
Grandes empresas já estão se adequando às novas formas de contratação. Um exemplo interessante é a valorização das áreas de lazer, também conhecidas como áreas de descompressão. Também estão sendo adotadas jornadas flexíveis que se adequam à mobilidade nos grandes centros, elevando a qualidade de vida do profissional.
O desafio primordial é reconhecer a importância do respeito mútuo para formar relações sadias de trabalho. De tal forma que elas resultem em aumento de eficiência e produtividade, sem, contudo, colocar o empregador em risco sob o ponto de vista jurídico.
A adaptação a este cenário molda a maioria das profissões. Ao mesmo tempo em podem extinguir alguns postos de trabalho, abre novas oportunidades para preencher as exigências deste mundo tecnológico. No entanto, no aspecto trabalhista, a atenção deve recair sobre os novos riscos jurídicos. Isto, é estas mudanças também poderão atingir as empresas na mesma velocidade em que as mudanças ocorrem.
Balancear o uso das tecnologias no ambiente laboral é um desafio e o seu uso em excesso pode trazer reflexos tanto para o empregado como para o empregador. Porém, a mudança é o futuro e o resultado é certeiro se o uso moderado da tecnologia for observado pelas partes envolvidas nas relações de trabalho.